A canção do Bobo
Variz da Meiga
Porque ficas aí a rir
E a rir e a rir,
Pobre bobo da corte?
Rio, meu senhor
Porquê é de riso
E de amor
Meu viver sem siso
Mas por que esta lágrima escorre no rosto
Enquanto pulas, saltimbanco triste?
Ela escorre
Para sair
Se não, ela morre,
Antes de cair
Não brinques comigo bobo.
Conte-me a razão
De ficares a chorar e de ficares a sorrir
Sorrio para a minha senhora
Porque vivo pensando que ela me adora
Choro por ela que tanto sorri
Porque na verdade, ela diz que eu morri
Ora Bobo, que bobagem sem nome
Ficar a chorar e a fazer momices
Isso é mais coisa doida de doido
Pois é, meu senhor
Sei que isso parece tão oco
Mas são coisas do amor
Pois sou bobo mas não sou louco
Sorrio, pois sorrir é meu fim
Sou bobo cheio de amor
Pulando feito Arlequim
Sou bobo cheio de dor
Eu entendo, amigo bobo
Entendo mas não compreendo
Alguém viver triste e alegre
Eu lhe explico, meu amigo
Eu por fora estou contente
Pois no sofrer achei abrigo
Mas por dentro sou tristeza
Por ter perdido o amor
Que tinha, junto com rara beleza
Foi então que decidi assim
Viver e sofrer nesse tormento
Como se a vida atrás de mim
Fosse apenas um momento
Se soubesse, eu, triste truão
Que minha amada está contente
Sem meu amor e minha mão
Sem que eu esteja em sua mente
Eu então muito pularia
A gritar feito um jogral
E minha lágrima secaria
Mesmo eu me sentindo mal
O que então fizestes
Para perder tão grande amor
bobo tão bobo
Pois é meu senhor, eu não sei
Eu sei apenas que não lhe dei
O que talvez ela quisesse
E que eu não lhe soubesse
É que no coração de uma mulher
Um farsista não mete a colher
E num mundo de carneiro e lobo
Não tem mesmo lugar para bobo.
Um comentário:
Você é um POETA com letras garrafais, maravilhoso este seu poema...Muito Obrigado e um Grande Abraço
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