Eramos um

Poesia, Escritos, Contos e Mentiras de um cara que pensa que é três!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Sax Appeal


Sax Appeal
JPVeiga

O cara tocava um saxizinho chatinho à beça, mas a menina não tirava os olhos dele. Pombas!

Ela tinha vindo comigo, caramba, tava rolando a maior paquera, ela tinha topado sair de novo, outro dia, um cineminha talvez, sei , um motel!!!  Na praia o papo foi ótimo, ela disse que adorava uma boate, e com música então... eu podia jurar que a coisa iria esquentar, ia rolar a maior, vem esse cara, tocando essa musiquinha de merda, essa coisinha que fica se repetindo e a gatinha , toda derretida pelo cara. E olha que ele nem é essa maravilha toda, aliás, com aquele cabelinho cheio de gomalina eu acho até que ele, sei ! E baixinho, acho que nem tem um metro e meio!

 

-         Sabe, eu também toco instrumentos, na minha família somos praticamente músicos! Falei, gritando no ouvido dela.

-         É...

-         Claro, por exemplo, minha mãe tocava tuba na banda de Ipanema...

-         Tuba...

-         É, tuba, muito difícil de tocar, instrumento de responsabilidade, e ela tocava de ouvido.

-         Ouvido...

-         Presta atenção, pombas!

-         Tá, espera acabar essa música, é ótima...

-         ...

-         Vai, fala da sua mãe.

-         Pois é, ela toca tuba, e cuíca.

-         É mesmo?

-         É, cuíca ela aprendeu com um professor, tuba foi de ouvido. E cuíca é o seguinte... é chegar em casa e começar um som ela corre e pega a cuíca, rola a maior...

-         Péra , essa música também é das boas...

E a coisa seguiu adiante, o chatinho tocando e a menina babando. E eu ali do lado tentando chamar a atenção da danada. Pedi mais um cuba-libre, mastiguei uns amendoins e fiquei ostensivamente de costas pro cara.

O baterista começou uma virada cheia de floreios e de ensurdecer santo, e então, eu aproveitei para iniciar de novo o papo:

-         pois é, meu irmão Marcello toca violão, cavaquinho e sanfona, quando nos reunimos é a maior bagunça, todos tocando...

-         psiu!

-         Ei, chega disso um pouco...

-         legal, essa música eu até não gosto muito, vai, diz !

-         Pois é, meu irmão Jorge que não toca, mas é musical pacas! eu toco tumba, bongô, atabaques e o Antônio sopra uma gaitinha e até mesmo toca um sax tenor.

-         Sax?

-         É!, sax, por quê?

-         Eu queria muito conhecê-lo!

-         Por quê? Por quê ele toca sax?, por isso? Ele toca muito mal, na verdade enche o saco da gente, é desafinado e tal e coisa.

-         E o sax, é daqueles grandões brilhantes? Maior do que o desse cara?

-         E você tá querendo o quê com o tamanho do sax do meu irmão?, pombas! Tamanho do instrumento não é documento, sax tenor, barítono, soprano, baixo, é tudo uma merda, é tudo uma porcaria, sopra-se de um lado e sai uma bostinha de som do outro e sabe do que mais? Vou membora! Fique você com o sax e com o dono dele que eu não tenho mais saco procês!

-         ...

Levantei e fui saindo, pedindo licença aqui e ali, encostei no balcão, dei adeus ao sonho de motel, pedi a conta, paguei e de longe abrindo a porta me virei para ver o que estava acontecendo. estava ela babando e o cara tocando a tal de "I've got you under my skin" se sacudindo como uma perfeita idiota, parecia a Beth Carvalho cantando "Andança" - ridículo...

Bati a porta da boate, dei um b'noite pro leão de chácara e, saindo pelo meio do pessoal que ia entrando, percebi que começava a assobiar!

Era a danada da música que voltava na minha cabeça.

Eu pulei e comecei a gritar uns impropérios dando chutes no ar.

-         Foi doutor, foi que o camburão da polícia parou e o guarda pediu meus documentos.

-         E precisava, meu filho?, precisava mandar o guarda enfiar o sax no rabo?, ali, na frente de todos?


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O HOMEM

O Homem

Variz da Meiga

Estranhos e incompreensíveis

São os caminhos que levam ao Senhor!

A mim?

Perguntou o fiel se levantando.

Caminhos que levam até o Senhor,

Repetiu o pastor.

Ao Senhor!

Pois então, a mim?

Ora, eu vim até aqui em busca de paz,

Em busca de tranquilidade, anonimato,

E o que encontro?

Um pastor incitando o povo a me encontrar!

Já sei, me reconheceram,

Viram dentro desta casca que me esconde,

A estrela que sou!

Fui descoberto!

Senhor, perguntou o pastor,

Quem és tu, que trazes dentro de si toda esta empáfia?

Eu, respondeu o homem,

Sou aquele que não sabia ser,

Sou aquele que fui sem ter sido,

Sou aquele que poderia ter e ser,

E não sei se tive ou se fui!

Eu sou o homem comum,

Aquele que vive a vida,

Desde que o homem é homem.

Aquele que não sabia ser,

E no entanto é!

A maior criação

Deste senhor que o senhor diz

Ser o Senhor.

E na verdade é apenas

O início,

O fim,

E os meios. 


Eramos Um

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Quem somos nós? Somos 3 em 1!!! JPVeiga - Variz da Meiga e Mariz Conzê - Vou contar sobre um deles: JPVeiga Peixes, Serpente no Horoscopo Chinês, filho de Oxum, aprendeu a ler já velho, com 7 anos, o pai queria tanto que ele fosse engenheiro, quase foi arquiteto, é Diretor de Arte, Ilustrador e Pintor, escreve para crianças desde sempre. Tem 3 filhos e uma neta, é casado e não pretende mudar essa condição. Mora como os sapos - na Lagoa.