Eramos um

Poesia, Escritos, Contos e Mentiras de um cara que pensa que é três!

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

CIDADES

Cidades

Eu sou sua cidade
Ela em mim habita
Comanda meus braços 
Distribui meus passos
Bate meu coração 

Ela é minha cidade
Eu nela habito
Respiro seu ar
Me alimento de seu riso
E durmo em sua paz

Somos assim
Cidades irmãs 
Habitantes gêmeos 
De uma mesma viagem
Chamada amor

Pela Defesa da Liberdade de Criação na Literatura

Pela Defesa da Liberdade de Criação na Literatura
A AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil) convida todos a refletirem sobre uma realidade que nos tem assustado: a volta da censura aos livros infantis. E, o que é, talvez, ainda mais preocupante, uma censura que, desta vez, não é promovida por nenhum governo, mas por pessoas que, a princípio, têm o papel de levar a literatura até as crianças: professores, bibliotecários, coordenadores pedagógicos, editores, livreiros, divulgadores de livros, pais, avós, tios e, como negar, até mesmo por alguns de nós, autores de literatura para crianças e jovens.
Para um olhar desatento, a palavra censura pode parece forte demais. Afinal de contas, parece ser coisa de países com regimes autoritários e centralizadores, como por exemplo, o Paquistão, cuja Autoridade de Telecomunicações recentemente enviou um comunicado às companhias telefônicas exigindo o bloqueio de qualquer mensagem (SMS) que contivesse o nome "Jesus Cristo". Para justificar tal censura, o órgão alegou que a liberdade de expressão naquele país está sujeita a restrições, no interesse maior da glória do Islam.
Se esta proibição parece absurda e distante, chegou o momento de olhar para o nosso próprio umbigo. Pois o que está ocorrendo hoje em muitos locais no Brasil não é muito diferente disso. Cada vez mais a AEILIJ tem recebido notícias de que determinados livros de literatura para crianças e jovens são vetados em certas escolas e/ou bibliotecas porque citam o nome de deuses ligados a outras religiões que não a religião adotada na instituição. Referências a nomes ou práticas de religiões afro-brasileiras, espíritas, budistas ou outras são usadas como justificativa para a censura.
Em outros casos, o fato de existir, no livro, uma palavra como "diabo", "capeta" ou semelhante, é tido como razão suficiente para a exclusão de um livro, independentemente do contexto e da motivação em que tal palavra aparece. Tal postura radical e extremada parece esquecer que a própria Bíblia Sagrada traz mais de 100 vezes a palavra Demônio (ou alguma de suas variações), quase todas no Novo Testamento. Em breve estará a Bíblia na mira dos censores furiosos?
De maneira semelhante, têm sido perseguidas, recentemente, obras com palavras e personagens de todos os tipos, da bruxa à fada, do saci ao bicho papão, do Papai Noel à boneca Emília, do palavrão à gíria. A AEILIJ tem visto tais iniciativas com muito receio e consternação, assim como preocupa a imposição frequente de excluir temas, como principalmente a sexualidade, de uma literatura que tem como inspiração dialogar com crianças e jovens.
Há o outro lado, a frase da garota Malala que recentemente ganhou o Prêmio Nobel da Paz e declarou: “Já sei agora o que mais assusta um tirano: uma menina com um livro nas mãos”.  Ela tem 17 anos e é a mais nova ganhadora do Nobel de todos os tempos.
Ora, nossa associação acredita na literatura como arte e como expressão de tudo o que é próprio do ser humano, seus dilemas e dúvidas, suas paixões e medos, suas conquistas e frustrações. Mais que isso, entendemos que a literatura para crianças e jovens  é um espaço privilegiado para que o leitor conheça a pluralidade do nosso mundo, toda a riqueza de valores, culturas, crenças, ideias, hábitos, linguajares.
Se aceitarmos que um livro de literatura seja banido porque traz uma visão de mundo com a qual não compartilhamos – ou nem isso, apenas uma palavra que evitamos em nosso dia-a-dia, na privacidade do nosso lar – estaremos abrindo a porta para que outras pessoas, em outros momentos e em outros contextos políticos, ideológicos, religiosos ou morais proíbam as palavras, personagens e histórias que tanto nos são caros.
Mais cedo ou mais tarde, o feitiço vai virar contra o feiticeiro. Mas infelizmente ninguém vai perceber, pois as palavras feitiço e feiticeiro estarão, elas também, proibidas.



PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA LITERATURA!!!

sexta-feira, 16 de maio de 2014



Acorda!
                                                                                   JPVeiga

Que foi?
Os macacos estão chegando!
É certo?
O sentinela fez o pio, já estão perto do arvoredo!
Entonce vamos!

Calçou as sandálias de couro, amarrou na cintura o cinto cheio de balas com o pequeno 32 cromado, enfiou no cinto as peixeiras de cabo colorido e passou por cima do ombro o embornal cheio de flores bordadas. Sorriu metendo a mão dentro do bornal já vestido. Encontrou o pacotinho embrulhado em papel de arroz e sopesou o danado. Sorriu de novo.
O repetição olhava ele.
Os macacos, justo agora...

O desmonte do acampamento foi rápido, os jegues receberam os mantimentos no lombo e todos picaram fora dali.

Andando rápido, passando por cima de pedaços de pedra e espinhos, eles fugiam rindo e falando alto, nem parecia que suas vidas corriam junto. Um rio na frente fez a turma parar, o sentinela avançado correu pra checar o vau. Todos se abaixaram na pequena clareira e começaram a sussurrar. Foi a hora que ele encontrou pra falar:

Ói, tenho um regalinho procê. Se arrepare não, é coiso de passagem, foi só num tempinho que tive passando lá por assarézinho, que se lembrei de sunçê; bem, aí fui na venda, bem, aí, sunçê abri que sunçê vai vê.

Ela recebeu o pacotinho todo amarrotado e com a fita grená meio torta. Uma pontinha de lágrima correu marcando o caminho poeira abaixo até a gola da camisa.

Carecia não, era bobagi minha, carecia tomá trabalho não!

A fitinha começou a se soltar quando a matraca começou.
A repetição saiu do couro e começou a papocar, todos pularam feito bicho e foi tiro pra todo lado, era grito, era fumaça, era engasgo, era estampido, era sangue e era cheiro de morte. Os macacos avançaram. Tavam em maior número mas a briga tava parelha. E as balas batiam aqui e ali rebentando pedra e gente. A fumaça começou a tampar a vista. A matraca foi calando e uns jeguinhos se soltaram ganhando o mundo. O cheiro de pólvora entrava pelas narinas e abrandava a catinga de sangue.
Um oficial gritou pra milícia parar de atirar. Um batedor correu e começou a desvirar os homens mortos.
Com a mão no canto da boca o batedor avisou: tá aqui! O ômi tá aqui! Pegamos os miserávi!
Todos se juntaram ao redor do corpo caído, falavam alto, batiam nas costas uns dos outros e sacudiam os repetições.
O batedor puxou um punhal da bainha quando alguém chamou atenção: ói um pacotinho aqui do lado dela!

Rodando de mão em mão o pacote foi parar no oficial, que terminou de desembrulhar com violência e depois de ver o conteúdo jogou tudo por sobre o ombro cuspindo palavras por entre dentes: vai, puta, vai que agora você já tem ané por mode casá com esse cabra ruim lá nos quintos do inferno!
E gritando pro batedor, ordenou pressa na cortação de cabeça enquanto o anel rolava e rolava e rolava, parecendo procurar o dedo da dona.

Eramos Um

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Quem somos nós? Somos 3 em 1!!! JPVeiga - Variz da Meiga e Mariz Conzê - Vou contar sobre um deles: JPVeiga Peixes, Serpente no Horoscopo Chinês, filho de Oxum, aprendeu a ler já velho, com 7 anos, o pai queria tanto que ele fosse engenheiro, quase foi arquiteto, é Diretor de Arte, Ilustrador e Pintor, escreve para crianças desde sempre. Tem 3 filhos e uma neta, é casado e não pretende mudar essa condição. Mora como os sapos - na Lagoa.