Eramos um

Poesia, Escritos, Contos e Mentiras de um cara que pensa que é três!

sábado, 14 de novembro de 2009

Proposta de quase fim de ano

Variz da Meiga

Pronto,
Resolvi:
Vou vender meu corpo!
Meu anúncio será assim:
Vende-se corpo usado
De 4ª mão
Faltando um pedaço de orelha
E alguma vergonha.
Este corpo fala algumas línguas
E a usa quase bem de outras maneiras.
Infelizmente é tricolor,
Macumbeiro e ex-comunista.
Não é lá essas coisas na cama
Mas não deixará de dar uns beijinhos
E chamar a nova dona de querida.
Está disposto a servir de cobaia
Para experimentos psicológicos
E obedecerá cegamente até a exaustão.
Preço de ocasião.
Tratar diretamente com o dono.
Não aceito intermediários.
Não precisa enviar foto junto com a proposta.
Beleza não só não é fundamental
Como não é necessária.
Aceita-se como pagamento
Os % de energia poupados
A pedido do governo
Para que sejam usados
De maneira melhor e mais clara.
Vende-se corpo usado
Pouco abusado porém
Íntegro e bem safado.
Vende-se.
Por motivo de viagem.
Desocupa-se na hora.
As 10 primeiras que ligarem
Ganharão 15 minutos
De graça.
Pede-se não enviar flores.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Receita para amar-se a uma gordinha

JPVeiga


Para se amar uma gordinha, antes de mais nada
Faz-se necessário achá-la!
Não, não se acham gordinhas por aí!
Gordinhas são como um vinho muito raro,
Fruto de uma colheita precisa,
No tempo certo,
Da uva perfeita,
Da maturação exata.

Procure, converse com quem sabe,
Peça ajuda a quem tem!
E com toda a calma, achando uma,
Com o coração na mão,
Declare-se apaixonadamente!

Uma vez resolvido este problema,
Trate de aprender algumas coisas:
A diferença entre a sacarose e a sacarina,
Entre um almoço e um lanchinho,
Mas, principalmente,
Aprenda a diferenciar,
O “amor vamos comer uma coisinha!”
Do “querido, vamos fazer uma boquinha!”

Procure não misturar,

O ato com o prato,
O teso com o peso,
O come com a fome,

E trate de viver feliz e em paz!

domingo, 20 de setembro de 2009

O Bode Dialético

Variz da Meiga

Onde anda este homem
Que parece um animal
E com as patas fendidas
A barba mal feita
E os chifres recurvos
Me dá tanto prazer?

Onde está esse animal?
Que se parece com homem
E cheio de meninices
Me chama de mamãe.
No meu colo, me mama,
Me mama, me mama
Até a exaustão!
Me dando tanto prazer?

Estou aqui ao seu lado!
Você não me vê?
Porque me buscas?
Já não te dei tanto prazer?
Não bebi teu leite de cabra selvagem?
Não te esquentei as noites chochas?
Não recheei de roxo tua vida branca?
O que queres mais?

Amor!
Preciso também de amor!
Não me basta o prazer
Esquinas sem fim não me completam,
A dobrar e a dobrar e a dobrar.
Quero da fruta também o caroço!
Vem, vem ser um inteiro comigo.

Não posso,
Sou apenas aquele que dá
Aquele que toma
Aquele que é
Sem fazer e sem ser!
Nasci para sugar,
Vivo para viver,
O meu pasto é o mundo,
Morro insulso e seco
Se me completares.

Então me dê o seu dia!
O seu levantar,
O seu andar e o seu deitar.
Me dê sua companhia,
Me dê o completamento
De uma vida siamesa.
Onde um inspira
O que o outro respira.
Me dê a verdade,
Me dê você!

O alcrevite já cheira!
O Sapucaio, meu pai,
Se avizinha!
A hora chegou para mim.
Não, não posso te dar
Aquilo que nunca tive!
Só posso te iludir
Com o que aprendi,
Anjo caprino que sou.
Mas, se assim mesmo me quiseres,
Como um placebo amargo,
Me encontres na noite do dia
No dia da noite clara.
E seremos muito felizes,
Assim como,
Um lindo jasmim sem perfume.



quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Os Sábados do Seu Domingos

JPVeiga

Apelido safado, Seu Domingos – só aparecia na praia na manhãzinha do domingo, mala do carro cheia de cerveja, rede e petecas.
Fundara o Arpeclú – Arpoador Peteca Clube – clube sem regras, sem sócios e sem vergonha. Jogava quem queria!
Bom de papo, bom de copo e cheio de alegria, de Seu Domingos não se sabia muita coisa. Onde, quando, em quê e como trabalhava, era uma incógnita – sabiam apenas que era de boa família, engenheiro, e que durante o resto da semana sua vida era um mistério.
Chegava na praia, armava a rede e, brincando com todos ficava esperando a turma chegar.
Ipanema antiga, praia vazia, os carros passavam devagar e o pessoal enchia a cara enquanto os “atletas” jogavam a peteca, tentando fazê-la atravessar a rede, esperando apenas o jogo (pretexto esportivo) acabar para entrar na gelada. E a manhã e a tarde corriam num papo gostoso e cheio de graça.
Acabava a cerveja – e o jogo – iam todos para o “Pé Sujo” perto do final do Arpoador – e a coisa continuava – papo, frango frito e tome cerveja.

Seu Domingos de olho comprido para a caçula da turma, dizia piadas e se chegava – e se chegava e se chegava. Chegou!

A Lourinha gostou do papo e marcaram um cinema para a noite.
O resto da turma, cheio de dedos para com a mocinha, dividiu-se em conversas. Que o pai dela, que a mãe, que ela era a menor da turma, que todos eram responsáveis por ela e tal e coisa; e Seu Domingos afinal, por mais que fosse querido por todos, não era flor que se cheirasse – sabiam por ouvir dizer que ele tinha uma “garçoniére” em Copacabana, achavam que ele era isso e aquilo, que tinha uma moto Vulcan e andava com garotas na garupa. Diziam que ele ia muito ao Bola Preta e que quando mulheres passavam pela areia enquanto ele jogava, ele, estufando o peito mandava beijinhos! Ora! Ao mesmo tempo ele era muito querido e muito temido – e agora tava de olho no brotinho da turma!

A noite foi tranquila: cineminha no Leblon, bolinho de bacalhau no Zepellin e té loguinho sem beijinho.
Bem que ele tentou, mas o Brotinho, neca!

Domingo seguinte. Praia vazia, rede armada desde cedo, Seu Domingos esperava a turma - e falava que suas intenções eram sérias, que isso e que aquilo – falava que o Broto era o que ele, quarentão estava precisando e que ela estava caidinha.
O jogo começou, a cerveja foi aberta e o Brotinho chegou. Papo vai e papo vem, marcaram para a noite outra vez e, de novo cineminha, bolinho e apertinho de mãozinha! Que coisinha!
Na porta da casa dela, Seu Domingos puxou um papo furado. O pai dela abriu a janela e convidou – entre, venha conhecer o resto da família.
Pombas! – 3 irmãos e 2 irmãs – uma irmã, campeã de lançamento de dardos, namorava alguém da Turma dos Cafajestes, outra era noiva de um Capitão, um irmão jogava nos amadores do Fluminense, outro era também engenheiro e brigão e o último, grandão, gritou na entrada:

- Ah, é você que anda se chegando pra minha irmã?

Seu Domingos ficou pequenino. Distribuiu sorrisos e rapidinho saiu.

Domingo seguinte ele chamou o Broto num canto e perguntou se afinal estavam ou não namorando. Ela disse que achava que sim, mas aquela coisa de só se encontrarem aos domingos era muito estranha. As desculpas foram as mais variadas, que a mãe, que a avó, que o trabalho. E saíram outra vez – cineminha, bolinho e finalmente um beijinho! Vitória!, o beijo selava o compromisso – só faltava agora ela andar na moto!

Semana cheia para Seu Domingos, muito trabalho, muitas reuniões e muita lembrança do Broto. Ela não saia da cabeça. Será que ela era a mulher da vida dele? Será que ele deveria investir nisso – que pureza, quanta sensibilidade, inteligente, politizada, discutia o fato do pai ser Anarquista e ex-exilado com a desenvoltura de uma militante – Professora de História! – trabalhava! - era bom demais pra ser verdade! Tinha que ter alguma coisa errada nessa coisa! Tava tudo muito certinho demais. Mas, por outro lado ela não saia do seu pensamento, a tal ponto dele abrir mão de compromissos inadiáveis com uma morena do Grajaú e se deslocar até Ipanema, num sábado!
Todo catito, cheiroso e com cara de santo, Seu Domingos bateu na porta da casa da Lourinha as 6 horas da tarde.

- Ela está?
- Quem? Perguntou uma irmã.
- O Brotinho!
- Ah! Saiu com o namorado.
- O namorado? Êpa! Mas o namorado sou eu! Quê isso? Estamos
namorando já há quase um mês – que coisa é essa, deve haver um
engano.

Deixa eu ver..., parou para pensar a irmã – isso! hoje é Sábado... é, ela saiu com o namorado da semana, você, que só aparece aos Domingos, é o namorado do fim de semana!
Bofé!
Seu Domingos sentou na escada de entrada do prédio, pensou muito, esperou a Lourinha chegar, se acertou, ficou noivo, casou e juntos tiveram quatro filhos, um dos quais, eu, cheio de saudades dele, escrevi essa história.

Pombas!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Mens sana, Corpore Insano

De autoria ainda a ser definida entre os heterônimos,
que estão brigando de forma infantil!


Quem é esse cara ridículo a me olhar no espelho?
Barbicha rala, óculos, cabelo grisalho.
Quem é esse velho que me olha quando eu olho?
Não pode ser eu, não pode ser,
Sou jovem, na plenitude do amor,
Do sexo, da lucidez, da vida!
Sou praticamente uma criança.
Ei, ele está sorrindo,
Idiota, de que achas graça?
Sabes por acaso algo de mim que eu não saiba?
Tens algum segredo não revelado?
Sabes porque não consigo sair daqui?
Sabes por onde anda o meu exterior?
Sim, o que vive na minha idade,
Esse! O jovem cheio de vida,
Que ama olhar o céu a noite,
Que adora respirar o cheiro da grama molhada,
Que se abraça às árvores e
Grita para a lua cheia.
Isso, tens notícia dele?
Sabes onde posso encontrá-lo?
Por favor!
Pelo menos para lhe dizer que esta prisão é dura,
Que viver dentro de uma casca, sem voz, sem ação,
Apenas sonhando, é triste.
E para se de todo não pudermos nos unir,
Para marcar um encontro.
Numa noite clara, no fim da vida,
Debaixo de um pé de jasmim


segunda-feira, 15 de junho de 2009

Lúcida Loucura

JPVeiga

Do apertado ventre
Da avezinha morta
Grita sozinho
O pequeno ovo

Já não existem mais
Outros tantos quantos
Já não vivem mais
Quantos outros tantos

Porque somos iguais!
Pensa a ainda não ave viva
Porquê? Somos iguais?
Sofre o ainda não vivo. Ave!

Ser, ter sido fecundado
No calor, no ardor do amor,
Não dá, nem é
Garantia de nascer

Ter, ser um quase vivo
Aqui, lá fora
Ou trancado numa casca,
Não é nem dá garantia de morrer

Porque é melhor
Sorrir, no escuro palco da morte
Do que chorar, no claro
Patíbulo da vida

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Admirável Mundo Novo

Variz da Meiga


Abaixo a liberdade!
Chega de sonhos!
Chega de sorrisos!
Precisamos acabar com essa alegria toda.
O que significa tanta euforia?
De que adianta tanta felicidade?

Cadeia com os Poetas,
Esses esdrúxulos sonhadores.
Para a masmorra os Escritores,
Para a fogueira os escritos.

Vamos perseguir esses Diógenes
Que tanto procuram querendo achar
O homem que não existe.
E nem nunca, nem jamais existirá.

Vamos deixar o sangue lavar
A inquietude desses desassossegados
Que sofrendo ou amando,
Devaneiam em poemas, aventuras e romances.

Vamos acabar de vez com as rimas
Reduzir a pó sonetos
Esquartejar tercetos
Estrangular hai-kais

Chega, basta!
Esta é a hora.
Deixemos de lado o coração!
Que é apenas um músculo imbecil.
Vamos dar os braços, nos armar,
Combater este mal que já nos cerca
Destruir de uma vez;
Definitivo,
Com essa risonha raça sonhosa.

E por fim.
Livres afinal,
Das amarras do amor,
Das canções, da ternura,
Das belezas, da amizade,
Das loucuras do querer.

Poderemos viver o que somos
Animais selvagens,
Bestas, sem rumos e sem donos.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Idas e Voltas

Mulher semostradeira
Langróia,
Coisa cigorelha,
Assanhada, finória
Não te quero mais
Não te sou mais teu
Sua coscuvilheira.
Vou-me embora
Não volto mais
Tô indo

Quase fui,
Quase.

Ia te perder
Ficar sem você
Nunca mais você.

Vem cá,
Te perdôo
Não falo mais no assunto
Perdão total
Nem me lembro mais
Nem me recordo
De você olhando
E se mexendo
E requebrando
E dando mole
Pra outro
Pra outro
Pra outro.

Sua rabeta,
Delambida,
Vou-me embora sim
Vou mesmo
Vou
Vou

Vou nada

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Hoje tem marmelada?


Cansei de ser engraçado!
Cansei mesmo!
Que história é essa?
Eu aqui a falar e a escrever e o povo a rir?
Quê isso, gente?
Eu sou um cara bastante sério, sou realmente sério e tenho dito!
Dói muito essa coisa de "ele é tãããõ engraçado!" "ele é hilário!"
Sou nada!
Sou uma pessoa triste, preocupada com os destinos do mundo, com a imortalidade da alma, com o futuro da humanidade!
E vocês ficam aí a rir de mim!
Vamos parar com isso!
Volto a dizer:
Sou um cara muito sério!
E se vocês não acreditarem, arranco fora esse nariz de plástico vermelho que tanto me incomoda, limpo essa risada do rosto e aí quero ver alguém achar graça de mim!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Hoje

Variz da Meiga

Tanto tempo passado
E ainda hoje
Fecho os olhos e vejo
No frio de Petrópolis
Na varanda da casa
No meio da massa verde
De todos os tons de verde
Um pontinho branco
Branco e cheiroso
Com minha prima ao lado,
A me perguntar;
O que você vê
Nesse pé de Jasmim, menino...
É apenas um pé de Jasmim
Nada além...
Nada?
Eu vejo e cheiro e abraço
Não o Jasmim,
Não a flor,
Não o cheiro,
Mas a felicidade de viver
E de poder sentir...
De poder sentir que vivo
De poder viver sentindo!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Jus Esperniandi!

 

Porra!

Deus, Jesus, Emanuel, Alá, Adonái, Oxalá,

Sei !

Alguém me ouça!

Porra!

Será que ninguém me ouve?

O que houve?

Porra!

Será que hoje é feriado por ?

Ou então eu não mereço ser ouvido?

Ou será o sei ?

Ou?

Vocês querem fazer o favor?

Aqui!

Aqui em baixo!

Isso!

Esse aqui pulando sou eu!

Isso!

Mas vocês bem que podiam dar mais um...

O quê?

Porra!

Eu tô acreditando,

Mas preciso que...

Ei?

Vão me atender ou não?

Atendem hoje?

Porra nenhuma!

entendi,

Vou ficar aqui rezando e

Pedindo e

Implorando e

Gritando e

Porra!

Porra?

Vamulá, diz ,

Quando é que vou ter paz?

Porra!

O quê?

Quando eu parar de reclamar?,

E aceitar?

E viver com o que tenho?

E parar com esse Porra todo?

Ó, eu faço de tudo,

De tudo mesmo!

Mas do Porra eu não abro mão!

Porra!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Morte e Vida Severino


Ele andava pela rua sem prestar muita atenção na vida quando ouviu:

Severino! Eu pensei que você estava morto rapaz!

Eu hein? Morto, eu?

Você! A Noquinha me disse até que tinha ido no seu enterro! E tem mais: o pessoal lá do bar fez até uma vaquinha pra dar um dinheirinho pra sua mulher - ô cara como é que pode isso?

Bem, você tá me vendo e eu também tô te vendo, daí tô vivo, né? Ou não? 

E o amigo seguiu andando e balançando a cabeça. Ver um morto não é lá dessas coisas agradáveis, ainda mais quando o morto diz que não está morto - que coisa!

E o Severino ficou com a pulga atrás da orelha.

Chegou no escritório e a coisa continuou:

Ó Severino, quem é morto sempre aparece! Gritou um engraçadinho com um sorriso amarelo. O chefe da seção levou para outra sala duas secretárias que teimavam em dizer que o pobre Severino era uma alma do outro mundo, e falavam alto, meio histéricas, deixando o clima tenso. Um boy até tentou acender uma vela. Que coisa, o coitado do Severino já não aguentava mais; pediu pro gerente pra ir embora mais cedo e teve que ouvir a gozação: ir mais cedo, você já foi!

Matutando durante a volta para casa, Severino começou a colocar algumas fichas em ordem dentro da cabeça:

Não tinha se visto no espelho pela manhã ao se barbear - achou que o danado tinha se quebrado e ninguém o avisara. O café estava sem gosto - mas sem gosto algum -parecia que estava bebendo ar. Não vira sua mulher em lugar algum da casa. E mais um monte de outros pequenos acontecimentos que ele não dera importância e que agora voltavam como um filme.

Morto, eu? Como pode ser - morto e falando, conversando, sentindo o calor do sol, pegando ônibus? Morto eu?

E puxou a cordinha quando chegou perto do seu ponto. E o motorista continuou e continuou e continuou enquanto Severino seguia puxando a cigarra fazendo o maior barulho. E ele gritava, você não está me ouvindo - pára essa joça, pára, eu quero descer! Pombas!

Finalmente o bicho parou e ele desceu blasfemando contra o calor, o motorista, o ônibus, a vida e a morte.

Entrou em casa. Ninguém. Nada, casa vazia. A sala estava escura e a luz teimava em não acender. Severino sorriu, vai ver tô mesmo morto e ainda não sei, falou alto pra ver se sua voz tinha eco. Tinha!

Entrando no seu quarto reparou que a cama estava arrumada, ué? Ele saíra e não se lembrava de ter arrumado a danada! Na mesinha de cabeceira um livro aberto ao lado de um pacote de lenços de papel indicava que alguém tinha chorado. Severino ficou sério, sentou na cama, olhou o livro e leu ao acaso:

“A ventania misteriosa passou pela árvore cor de rosa”

Que coisa besta, árvore cor de rosa, ventania, parece coisa de boiola.

E ao ouvir sua própria voz ecoando pelas paredes, reparou que partes de suas pernas começavam a ficar transparentes e um cheiro de terra molhada entrava de carona numa lufada de vento.

Foi quando sua mulher chorando, subitamente surgiu no quarto, jogando-se na cama; passando por dentro dele, fantasma teimoso que era. 

Eramos Um

Minha foto
Quem somos nós? Somos 3 em 1!!! JPVeiga - Variz da Meiga e Mariz Conzê - Vou contar sobre um deles: JPVeiga Peixes, Serpente no Horoscopo Chinês, filho de Oxum, aprendeu a ler já velho, com 7 anos, o pai queria tanto que ele fosse engenheiro, quase foi arquiteto, é Diretor de Arte, Ilustrador e Pintor, escreve para crianças desde sempre. Tem 3 filhos e uma neta, é casado e não pretende mudar essa condição. Mora como os sapos - na Lagoa.