Eramos um

Poesia, Escritos, Contos e Mentiras de um cara que pensa que é três!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

DECIFRA-ME OU...


DECIFRA-ME OU...
Variz da Meiga

Ó ilustre passante,
Detenha-se um pouco à minha sombra.
Pronunciou o enorme prédio de vidros de cristal
Ao homem de terno,
Que fugindo da canícula
Parara defronte.

Chegue mais perto,
Isso, encoste em minhas marmóreas paredes.

O homem, do alto de sua florida gravata importada
Sorriu.
Não se lhe assustava um prédio falante.
Ah! a modernidade, pensou.
O celular abriu e a conversa começou,
Quando...

Diga-me ó passante:
O que é, o que é, que de manhã quer excelência,
A tarde quer potência,
E a noite simples existência?
Questionou o bloco de concreto, vidro e aço.
Tampando o bocal do telefone,
O homem com voz chateada respondeu:
De novo?...

É o homem,
Que no alvorecer de sua vida
Só pensa no tamanho de seu sexo,
Ao entardecer,
Valoriza sua rigidez e desempenho,
E ao anoitecer,
Bem, ao anoitecer quer apenas ter a certeza de que seu sexo está no lugar:
No cérebro!

Certo?
Agora me deixa em paz e vai chatear outro!

E voltando à conversa, declarou:
Desculpe o corte,
São estas esfinges idiotas que ficam por aí disfarçadas,
Variando a velha pergunta que sempre tem a mesma resposta!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

FIM


FIM
Variz da Meiga

Se Deus me desse mais uns dez minutinhos de vida,
Eu iria molhar um gramado.

Andando junto com as pessoas queridas,
Iria olhar a água entrando na terra seca,
Sentir as folhinhas de grama crescendo,
Pisar descalço a terra encharcada
E cheirar os cheiros de vida nova brotando.

Agora, se fossem apenas cinco
Os minutos de vida a mais,
Iria deitar no colo da minha mulher
E pedir a um amigo chegado,
Ir lá fora,
Lá no gramado,
E regar.
Fazendo um arco-íris com a água espalhada
E me enviar pela janela
As cores, os barulhos, os cheiros.

Mas se nem um minuto de vida eu tiver,
Vou correr até meu grande e florido jasmim-do-cabo
E vou abraçá-lo apertado.
Até,
Numa camisa-de-força,
Me levarem daqui.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O Beija-flor e a Bromélia



O Beija-flor e a Bromélia
Variz da Meiga

Então eu me abri.
Me espremi toda.
Pari a mais linda flor,
Carnuda, alta, colorida,
Cheia do mais forte e doce perfume.
Só para você,
Só.
Só.

Aí, te chamei.

Não com palavras,
Nem com acenos.
Te chamei com meu néctar
Vem,
Vem me sugar,
Me completar o ciclo
Me levar meu sumo,
Fecundar meu colo,
Espalhar meu gene
Vem.

Então eu te vi.
Colorida e linda,
Alta e cheirosa.
Flor macho e fêmea,
Desabrochada,
Oferecida,
Guardada,
Só minha.
Te revoei;
Te mostrei, indo e vindo
Meu mais lindo vôo,
E num momento mágico
Parei no ar, só para você.

Assim do nada,
No meio de um volteio,
Te entrei.
Te lambi loucamente,
Te sorvi,
Te sacudi freneticamente,
E te esvaziei.

Cansado, exausto,
Pousei em tua folha espinhosa.
Certo de que, ali,
Naquele instante,
Eras minha,
E eu só teu.
Unidos pela natureza
Do amor.
Da Natureza.

Então você voou.
E mais uma vez não me viu.
Ali no fundo,
Pequeno,
Escondido na folha,
No meio de uma poça
De água de chuva.
Cheio de verrugas,
Gosmento,
Insignificante.
Com os dedos grudentos
E o coração na mão.
Eu,
Sapo verde,
Cheio de um amor maluco,
Improvável e impossível.
Por um Beija-flor tão lindo.

E a cada florada,
Mais apaixonado
E mais perto
Do fim.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Oral Sex



ORAL Sex
Variz da Meiga

Converso e falo
Falo e converso
Com versos falo
Converso com falo
Falo com versos
Versos e falos
Fá-lo com versos
Gozei!

Sexo, Verbo Transitivo



SEXO, VERBO TRANSITIVO
Variz da Meiga

Eu falo
Tu clítoris
Ele/a hermafrodita
Nós androceus
Vós gineceus
Eles/as androginam

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Amor Moderno



Amor Moderno
Variz da Meiga


Quero te amar numa bicama moderna
Que sua mãe cisma em chamar de sofá
Quero te amar mesmo que sobre uma mola
Qualquer coisa, menos te amar em pé

Quero te amar numa bicama moderna
Que sacuda e balance, balance assim
Para lembrar de quando eu era criança
E brincava, sozinho, te amando na mão

Quero te amar numa bicama moderna
E arrancar um pedaço de ti
Para nele filtrar toda essa coalhada
Esse leite azedo vermelho carmim

Fazer sumir com toda essa tristeza
De te ter e no fundo não ter
Esperando melhores momentos
De você e eu perdidos no meio de nós

Quero te amar numa bicama moderna
Onde o lençol será nossa mortalha
O travesseiro nosso ninho de dor
E sua mãe nossa juiza de paz

Anunciando a quem quiser ouvir
Que hoje, bem aqui nesta quase cama
Nesta linda e louca bicama moderna
Seu amor vai me despetalar

Eramos Um

Minha foto
Quem somos nós? Somos 3 em 1!!! JPVeiga - Variz da Meiga e Mariz Conzê - Vou contar sobre um deles: JPVeiga Peixes, Serpente no Horoscopo Chinês, filho de Oxum, aprendeu a ler já velho, com 7 anos, o pai queria tanto que ele fosse engenheiro, quase foi arquiteto, é Diretor de Arte, Ilustrador e Pintor, escreve para crianças desde sempre. Tem 3 filhos e uma neta, é casado e não pretende mudar essa condição. Mora como os sapos - na Lagoa.